Em poucos meses, a pandemia da COVID-19 transformou por completo a economia global, trazendo consigo uma nova, ainda que temporária, "normalidade do trabalho" para as empresas e as comunidades de todo o mundo.
De acordo com um relatório recente da Business Insider, um terço da população mundial está atualmente em algum tipo de confinamento, estando o movimento de pessoas ativamente restringido pelos governos locais e nacionais.[i] Em muitos países, escolas, escritórios, lojas, cinemas, bares, discotecas e restaurantes foram forçados a fechar portas numa tentativa de controlar a propagação do vírus e evitar que os sistemas de cuidados de saúde ficassem sobrecarregados.
O súbito confinamento obrigatório foi um choque para os mercados globais, forçando indústrias inteiras a fechar e criando grandes mudanças na procura, uma vez que as comunidades se foram ajustando ao facto de passarem mais tempo em casa. Nas últimas semanas, algumas organizações afetadas adaptaram rapidamente os seus processos de produção para satisfazerem as necessidades urgentes das comunidades, incluindo o aumento da produção de alimentos e bebidas essenciais ou a articulação de processos comerciais para colmatar falhas na procura de serviços ao domicílio.
Neste artigo, olhamos para a forma como os diferentes setores gerem a crise e explicamos como a Domino está a ajudar os clientes na adaptação a esta nova "normalidade do trabalho".
Alimentação e bebidas
A pandemia da COVID-19 teve um impacto enorme nos mercados de alimentação e bebidas de todo o mundo. No início de março, quando o vírus foi declarado pandemia pela OMS, os compradores nos mercados, incluindo a Europa e os Estados Unidos, reagiram à possibilidade de quarentena abastecendo-se de alimentos e bens essenciais, o que colocou uma pressão considerável nos supermercados e nos produtores alimentares.
Por todo o mundo, a procura por bens de consumo embalados disparou em março para níveis sem precedentes, aumentando 10,9% em Itália, 9% em França, 8,2% no Reino Unido e 9,5% nos Estados Unidos.[ii] Uns meses mais tarde, com as cadeias de abastecimento alimentar a ajustarem-se lentamente ao novo normal, e apesar de uma queda nas vendas iniciais, tem-se verificado um aumento sustentado na procura que resultou do facto de mais pessoas fazerem as suas refeições em casa. No Reino Unido, estima-se que foram consumidos aproximadamente mais 500 milhões de refeições em casa por semana durante o período de confinamento.[iii]
Existem alguns artigos que parecem ser mais populares do que outros. No Reino Unido, os supermercados e os revendedores tiveram dificuldade em acompanhar a procura por farinha e o motivo não se deve à falta do alimento em si. A maior parte da farinha produzida no Reino Unido é embalada em sacos grandes produzidos para revenda para restaurantes e padarias. Em resposta ao aumento da procura, muitos moinhos no Reino Unido aumentaram a produção na tentativa de satisfazerem as encomendas de sacos mais pequenos, enquanto alguns vendedores, incluindo a Morrisons, começaram a passar a farinha destinada às padarias para sacos mais pequenos para venda nas lojas.
Com os supermercados e os revendedores sob pressão para manterem o stock nas prateleiras, outros produtores alimentares estão a sentir um efeito bastante diferente em virtude da pandemia, sobretudo aqueles cujos modelos de negócio se concentram apenas no fornecimento de escritórios, escolas, restaurantes, bares, discotecas e cafés. Nas primeiras semanas do confinamento, os agricultores na Europa e nos Estados Unidos foram obrigados a deitar fora toneladas de legumes frescos, ovos e lacticínios que não conseguiram vender devido a uma queda súbita e sustentada nesses negócios.
Todavia, resiliência é o que não falta aos fornecedores de alimentos e, para compensar a perda de negócio e para aliviar a pressão dos supermercados, vários fornecedores decidiram passar para encomendas de entrega direta ao domicílio, com algumas quintas e produtores a disponibilizarem serviços de entrega ao domicílio ou a cooperarem com restaurantes para formarem supermercados temporários.
No Reino Unido, a Detox Kitchen, serviço de entrega de alimentos e artigos de especialidade de Londres, uniu-se ao seu fornecedor para produzir e distribuir cabazes com mercearias, enquanto a cadeia de fast-food Leon transformou 65 dos seus restaurantes no Reino Unido em supermercados temporários de venda de refeições prontas refrigeradas. Nos Estados Unidos, a cadeia Denny’s, favorita de muitas famílias, começou a vender mercearias essenciais a partir de 30 restaurantes em Oregon e na Califórnia.
Claro que, quando se muda de canais de produção, a codificação e a etiquetagem dos produtos e das embalagens são passos essenciais que não podem ser descurados. Os fornecedores de serviços novos têm de garantir que os produtos cumprem os regulamentos governamentais e da indústria, imprimindo os códigos de rastreabilidade, data e lote relevantes nos produtos e nas embalagens.
Desde o início da pandemia da COVID-19 que a Domino tem assistido a um aumento global expressivo na procura de equipamentos de impressão, tintas, consumíveis, peças sobresselentes e apoio ao serviço por parte dos fabricantes de setores-chave. Um desses setores é o da alimentação e bebidas, cujos produtores trabalham arduamente para garantir um fluxo consistente de produtos essenciais durante estes tempos complicados.
"A nossa maior contribuição tem sido manter as cadeias de abastecimento em movimento e garantir que continuamos a servir os clientes que trabalham em indústrias-chave, fornecendo o serviço e a assistência de que necessitam para a produção de artigos essenciais durante este período. As nossas equipas de aprovisionamento possuem uma vasta experiência na gestão de ciclos de vida longos de um produto e as nossas equipas da cadeia de abastecimento estão habituadas a navegar por ambientes incertos. Embora a situação atual seja uma situação sem precedentes, não é algo para o qual não estejamos preparados".
Rachel Hurst - Diretora de Operações da Domino
A Domino tem conseguido utilizar a sua posição de fornecedor global de equipamentos e materiais de impressão para continuar a fornecer as indústrias críticas em todas as partes do mundo. Ao mudar a produção de bens e o aprovisionamento de matérias-primas para diferentes regiões, a Domino conseguiu superar as restrições de transporte de bens entre países e servir melhor os mercados locais.
Não se tratou apenas da produção de impressoras e hardware, mas também das tintas necessárias para garantir o funcionamento das impressoras e, por conseguinte, das linhas de produção. A Domino tem a sorte de ter uma rede de fábricas de tintas por todo o mundo, nomeadamente nos Estados Unidos, na China e nas instalações de grandes dimensões recentemente inauguradas em Liverpool, no Reino Unido.
"É absolutamente fundamental para os nossos clientes que continuemos a produção das nossas tintas", afirma Pete Weaver, Diretor de Operações de Tintas do Grupo na Domino. "Sem tinta, não podem dar continuidade à produção, por isso, empenhámo-nos arduamente para garantir que a interrupção da cadeia de abastecimento de tintas fosse mínima."
"Começámos a utilizar as nossas capacidades de tintas na China para melhor servirmos os mercados da Ásia-Pacífico e aliviar um pouco a equipa de Liverpool", explica Weaver. "A nossa equipa de aprovisionamento tem também trabalhado com afinco para continuar o abastecimento de matérias-primas e procurar alternativas, se necessário, para assegurar a produção nas nossas fábricas em todo o mundo."
Os produtores de alimentos e bebidas não são os únicos a ter de se ajustar às mudanças inéditas na procura – muitos negócios noutros setores, incluindo serviços alimentares e hotelaria, também têm de repensar os seus modelos de negócio. Na próxima secção, analisamos a forma como alguns restaurantes estão a lidar com a pandemia e como os parceiros de impressão digital da Domino estão a ajudar.
Serviços alimentares
Por todo o mundo, os restaurantes e outros estabelecimentos de serviços alimentares foram forçados a fechar temporariamente. Para muitas marcas de topo, o negócio decorre com normalidade, vendo-se cadeias internacionais como a Shake Shack, o Burger King ou a Nando’s ainda em operação e a oferecer serviços de takeaway e entrega, quer nas suas instalações, quer através de plataformas de encomenda online como a Deliveroo, DoorDash e Uber Eats.
Relativamente a outros fornecedores de serviços alimentares cuja operação não incluía entrega ao domicílio ou takeaway, o encerramento dos espaços de restauração teve consequências muito mais expressivas. Ainda assim, com cada vez mais pessoas a fazerem as suas refeições em casa, a procura por um serviço alimentar com entrega nunca foi tão elevada. Nas últimas semanas assistimos a um aumento de fornecedores de serviços alimentares que alteraram o seu modelo de negócio para oferecer serviços de takeaway e entrega pela primeira vez.
No Reino Unido, a Crown Labels Mfg Co Ltd, fabricante de etiquetas autoadesivas em Rotherham, notou um aumento de pedidos urgentes de etiquetas nas semanas que se seguiram ao confinamento decretado pelo governo, com várias empresas a efetuarem encomendas que necessitavam de ser entregues em apenas 24–48 horas. Entre outros, a empresa recebeu vários pedidos de etiquetas com marca, pré-impressas e de elevada qualidade para as embalagens de refeições takeaway dos restaurantes locais que anteriormente apenas serviam refeições no seu espaço.
Uma vez que os restaurantes de lugares sentados foram obrigados a fechar, vários fornecedores de serviços alimentares começaram a oferecer serviços de takeaway e entrega para continuarem em funcionamento durante o período de restrições e para satisfazerem a necessidade local de entrega de serviços alimentares. Para muitos negócios, tratou-se de um território completamente novo, pelo que sensibilizar para a marca e fomentar o feedback dos clientes era imperativo. Conseguimos satisfazer várias encomendas de etiquetas para embalagens com códigos QR, encorajando os clientes a partilhar a sua experiência e promover os serviços online."
Tom Hardy - Diretor Executivo da Crown Labels
O desafio não se restringe aos serviços alimentares – a Crown Labels conseguiu finalizar recentemente uma encomenda urgente para a City Grab, uma nova vertente da Sheffield City Taxis, que passou do transporte de pessoas para o transporte de refeições takeaway e produtos de lojas locais diretamente para a casa das pessoas. A Crown Labels foi instruída a produzir etiquetas para ajudar a City Grab a promover a marca na embalagem – um pedido que foi satisfeito em apenas 24 horas com a N610i, a impressora de etiquetas digital a jato de tinta UV de 6 cores da Domino.
Na China, se a transmissão do vírus já abrandou, as escolas e os escritórios já começaram a reabrir com a implementação de diferentes processos para limitar a propagação da infeção. Em muitos desses locais, as opções de serviços alimentares nos próprios espaços, por exemplo, em cantinas e restaurantes, continuam encerradas, estando apenas disponível a opção de refeições já embaladas para limitar a interação.
Em Xiamen, a Xiamen Gulong Food co. LTD (Gulong), empresa alimentar pública e cliente da Domino, implementou um sistema avançado de produção e distribuição a que deu o nome "lunch 4.0", para fornecer refeições personalizadas às crianças das escolas locais. Os dados das opções de refeição de cada criança são recolhidos pela escola e enviados diretamente para a Gulong Food para confecionar as refeições personalizadas. A montante, os dados são ligados a um sistema de automatização de codificação gerido pela Beijing Jiahua, que passa os dados diretamente para uma impressora a jato de tinta contínuo Ax350i da Domino para uma codificação personalizada.
Cada lancheira está codificada com informações, como o nome da escola, o tipo de refeição, o número da turma e o nome do aluno, bem como a data de validade e o número de lote. As refeições personalizadas são então entregues diretamente a cada escola por um autocarro gerido pela Gulong Food. Todo o processo é flexível e eficiente, com processos automatizados para limitar a necessidade de interação manual, reduzindo o contacto humano e minimizando o risco de infeção.
Com a quantidade de pessoas a terem de se acostumar à vida em confinamento, não são só os fornecedores de serviços alimentares que estão a adaptar-se às alterações dramáticas na procura – as compras online, sobretudo o comércio eletrónico de fornecedores online como a Amazon, verificaram um aumento significativo nos últimos meses. Na próxima secção analisaremos em que medida os fornecedores atuantes no comércio eletrónico estão a adaptar-se a este aumento de procura.
Comércio eletrónico
A compra online, ou o comércio eletrónico, é outro mercado que vivenciou uma mudança dramática na procura durante a pandemia da COVID-19. Por toda a Europa e nos Estados Unidos, foram introduzidas medidas de confinamento e o comportamento de compras dos consumidores sofreu uma alteração com a necessidade de as pessoas se adaptarem a estar mais tempo dentro de suas casas.
"Nos Estados Unidos notámos um aumento de pedidos de clientes originado pela atual situação do coronavírus", afirma Gary Peterson, Gestor de Contas de Soluções de Dados Variáveis da Domino Digital Printing. "Ao passo que muitas empresas foram obrigadas a congelar o investimento de capital, muitas indústrias sentiram um aumento dramático na procura – é o caso do comércio eletrónico."
Em março de 2020, as luvas descartáveis e as máquinas de pão preencheram o topo da lista de 100 categorias com crescimento mais rápido no comércio eletrónico nos Estados Unidos, até 670% e 652%, respetivamente. Outros artigos "essenciais" do confinamento, incluindo equipamentos de treino com pesos, monitores de computador, kits de artes, tintas para o cabelo e secretárias, também foram alvo de um aumento significativo na procura.[iv]
"Muitos dos nossos clientes de comércio eletrónico usam as nossas impressoras digitais K600i na produção de etiquetas de dados variáveis pré-impressas para a logística, permitindo que os produtos sejam rastreados pela cadeia de abastecimento da empresa até ao ponto de entrega – e permitindo ainda que os clientes devolvam os produtos", explica Peterson. "O número de pessoas que compra produtos online aumentou drasticamente e os nossos clientes têm de dar resposta produzindo mais etiquetas de dados variáveis. Para alguns clientes, isto traduziu-se num investimento em tecnologia nova para ajudar a acompanhar a mudança na procura."
A K600i está disponível como duas soluções distintas, uma opção de barra única, capaz de imprimir 75 metros de etiquetas por minuto, e uma opção de barra dupla, que consegue duplicar a capacidade de produção até 150 metros por minuto.
"O mercado do comércio eletrónico é volátil e passa por picos de procura em determinados momentos do ano – por exemplo, no Natal. A K600i de barra dupla foi concebida para permitir aos clientes responder a flutuações de procura e aumentar a capacidade de produção quando é necessário. Nas últimas semanas, os clientes que já tinham investido numa K600i de barra dupla conseguiram aumentar a produção para manter os produtos em movimento na cadeia de abastecimento, sem a necessidade de adquirir nova tecnologia."
Gary Peterson - Gestor de Contas de Soluções de Dados Variáveis da Domino Digital Printing
A flexibilidade digital proporcionada por um sistema de impressão digital como o sistema da K600i é uma vantagem para as organizações que produzem etiquetas para o mercado do comércio eletrónico e outros setores em que a etiquetagem de dados variáveis é necessária.
Superar a COVID-19
À medida que os esforços globais para superar a COVID-19 continuam, não é apenas a vida em casa que está a mudar. Enquanto os fabricantes de alimentos e bebidas, os fornecedores de serviços alimentares ao domicílio e os serviços de vendas online se unem para ajudar as comunidades na adaptação à vida em confinamento, outras organizações estão a apoiar o trabalho de serviços-chave e dos profissionais médicos da linha da frente.
Nos últimos meses, as comunidades de todo o mundo testemunharam um aumento enorme na quantidade de provisões médicas e de cuidados de saúde necessárias para superar a atual pandemia. Os artigos com maior procura incluem ventiladores para cuidar dos doentes em estado crítico, kits de testes à COVID-19 para rastrear a propagação do vírus, equipamento de proteção individual para os profissionais da linha da frente e produtos de higiene para uso doméstico e nos serviços essenciais.
Na Parte 2 deste artigo analisaremos em que medida algumas organizações estão a promover esforços globais para superar a COVID-19, fornecendo aos sistemas de cuidados de saúde e às comunidades acesso a artigos essenciais.
[i] Business Insider, "Countries on Lockdown", acedido a 26 de abril de 2020, https://www.businessinsider.com/countries-on-lockdown-coronavirus-italy-2020-3?r=DE&IR=T
[ii] Statista, "Coronavirus Change in CPG Purchases by Country", acedido a 26 de abril de 2020, https://www.statista.com/statistics/1105409/coronavirus-change-in-cpg-purchases-by-country-worldwide/#statisticContainer
[iii] Kantar World Panel, "Eating More at Home at a Time of Lockdown", acedido a 26 de abril de 2020, https://www.kantarworldpanel.com/en/PR/Eating-more-at-home-at-a-time-of-lockdown
[iv] Statista, "Top Twenty Fastest Growing Ecommerce Categories", acedido a 26 de abril de 2020, https://www.statista.com/statistics/1109777/top-twenty-fastest-growing-ecommerce-categories/
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