O erro do operador é, a nível mundial, uma das principais causas dos erros de etiquetagem, conduzindo a recolhas de produtos dispendiosas que podem ter um efeito devastador na reputação da marca de uma empresa.
Espera-se que um funcionário de produção manual faça, em média, um erro por cada 300 toques. No entanto, a verdade é que, apesar dos recentes avanços na automatização e produção, muitas empresas continuam a depender de processos manuais para garantir a impressão das informações corretas nos produtos, caixas e paletes certos.
Tendo em conta que a legislação em torno da etiquetagem de produtos para o consumidor está cada vez mais rigorosa na tentativa de proteger os consumidores, nunca foi tão essencial garantir a eficiência e a precisão das suas operações de etiquetagem de produtos.
A boa notícia é que, na era da Industry 4.0, os erros resultantes de processos manuais não só são evitáveis, como podem ser eliminados de forma rápida e económica, sem a necessidade de grandes alterações aos processos de produção existentes. Neste artigo, Adem Kulauzovic, Diretor de Automatização da Codificação da Domino Printing Sciences (Domino), explora a utilização de soluções de codificação e marcação automatizadas para reduzir o risco de recolhas de produtos dispendiosas.
De onde vêm os erros?
Na codificação e marcação, os processos manuais de seleção e gestão de etiquetas podem conduzir a erros de etiquetagem num produto final:
- Erro humano na seleção de etiquetas – seleção da etiqueta errada ou colocação da informação errada na embalagem do produto
- Erro humano na gestão de etiquetas – introdução da informação errada num modelo de etiqueta para imprimir num produto
O efeito dos erros
A utilização de processos manuais pode deixar a linha de produção suscetível a erros simples que podem representar um risco tremendo para as operações de fabrico. Os erros na etiquetagem de produtos podem resultar na recolha de produtos que, além de dispendiosa em termos logísticos, tem o potencial de prejudicar o valor da empresa a longo prazo.
A legislação relativa à proteção dos consumidores exige que os fabricantes e os fornecedores suportem os custos de todas as recolhas de produtos – de acordo com um estudo feito pela Deloitte, os fabricantes de alimentos e bebidas podem esperar perder até 10 milhões de dólares americanos em stock desperdiçado, logística e penalizações resultantes de uma recolha de produto.[i]
E não fica por aqui – as recolhas de produtos também podem prejudicar a longo prazo a reputação da marca e a relação com os clientes.
Uma recolha pode facilmente comprometer a reputação sólida de uma marca, construída ao longo de anos de fornecimento de produtos de qualidade. Segundo a Deloitte, uma empresa de capital aberto pode contar com um declínio no preço das suas ações em até 22% nas primeiras duas semanas depois de anunciada uma recolha[ii].
Proteção dos consumidores
Na indústria da alimentação e bebidas, a etiquetagem de produtos ainda é mais importante para garantir a segurança do consumidor final.
Nos Estados Unidos, os produtos alimentares e de bebidas embalados são consumidos por cerca de 250 milhões de pessoas todos os dias. Um erro numa etiqueta pode constituir um risco significativo para os consumidores, uma vez que a mais pequena alteração na lista de ingredientes pode significar que o produto tem alergénios não declarados.
Os requisitos para a etiquetagem de produtos e as normas de recolha são definidos pelos regulamentos governamentais relevantes no âmbito dos quais os produtos alimentares ou as bebidas são vendidos.
Nos Estados Unidos, estes requisitos são definidos ao abrigo da Food Allergen Labelling and Consumer Protection Act (Lei de proteção do consumidor e etiquetagem de alergénios alimentares) de 2004, que se aplica à etiquetagem de alimentos regulamentada pela Food and Drug Administration dos EUA. Na UE, tal é determinado pelo regulamento relativo à prestação de informação aos consumidores sobre os géneros alimentícios (EU FIC): Regulamento (UE) N.º 1169/2011. No Reino Unido, o EU FIC é reforçado pelos The Food Information Regulations de 2014.
Noutros lugares, cada vez mais governos estão a implementar legislação para proteção dos consumidores.
A Autoridade de Normas e Segurança Alimentar da Índia lançou recentemente um projeto de notificação relativo aos novos regulamentos de etiquetagem e apresentação de alimentos e bebidas pré-embalados. Estes novos regulamentos obrigarão à etiquetagem de alimentos pré-embalados com informações que incluem a lista completa de ingredientes, alergénios e logótipos relacionados de declaração de produtos vegetarianos e não vegetarianos.
Na China, a etiquetagem de alergénios em alimentos pré-embalados é atualmente voluntária; todavia, em janeiro de 2020, a Comissão Nacional de Saúde do país lançou um projeto de lei – Regras gerais para a etiquetagem de alimentos pré-embalados GB7718 – que, se for aprovado, tornará obrigatória a etiquetagem de alergénios em todos os alimentos pré-embalados.
O não cumprimento dos regulamentos de etiquetagem de produtos alimentares e de bebidas pode ter consequências graves para os fabricantes. Tanto na UE como nos Estados Unidos, os erros na etiquetagem de produtos relacionados com alergénios obrigam a uma recolha de todos os produtos com a informação errada e, apesar das consequências, tal continua a ser um problema para os fabricantes de todo o mundo.
Em novembro de 2019, o índice de recolhas dos EUA da Stericycle reportou que os alergénios não declarados em embalagens de alimentos e bebidas constituíram 35,5% de todas as recolhas de produtos determinadas pela Food and Drug Administration (FDA) no terceiro trimestre de 2019. Trata-se da mais elevada causa geral de recolha pelo nono trimestre consecutivo.[i]
Este problema não acontece só nos Estados Unidos. No primeiro trimestre de 2020, a Food Standards Agency no Reino Unido emitiu 25 recolhas devido a alergias não declaradas, incluindo leite, ovos, frutos de casca rija e aipo, de várias marcas conhecidas.[ii] Do mesmo modo, na Finlândia, os dados compilados pela Autoridade Alimentar Finlandesa (Ruokavirasto) para 2019 demonstram que os alergénios não declarados foram responsáveis por 27% de todas as recolhas de produtos.
Claro que os problemas com etiquetas não se restringem ao setor de alimentos e bebidas. Os fabricantes da indústria farmacêutica e de dispositivos médicos também estão sujeitos a legislação rigorosa com a etiquetagem dos produtos no mercado para segurança dos consumidores. Na verdade, 9% de todos os eventos de recolha de dispositivos médicos em 2018 – na ordem de mais de um milhão de unidades – deveram-se a problemas de etiquetagem.
Obrigações de conformidade com a etiquetagem
A legislação e as recomendações de boas práticas que regem a etiquetagem de produtos para o consumidor tornaram-se mais rigorosas nos últimos anos, colocando cada vez mais pressão nas empresas para que estas não só garantam que as etiquetas aderem aos regulamentos de segurança, mas também implementem sistemas de identificação e resolução de possíveis erros na etiquetagem de produtos antes de estes acontecerem.
Desde janeiro de 2011 que as empresas nos Estados Unidos são legalmente obrigadas a implementar medidas preventivas para evitar erros de etiquetagem na produção de alimentos e bebidas. A Food Safety Modernization Act (FSMA – Lei de modernização da segurança alimentar) exige que os fabricantes implementem e monitorizem medidas eficazes de prevenção de riscos na produção, incluindo erros na etiquetagem de produtos.
Em termos globais, as normas internacionais alimentares e a iniciativa global de segurança alimentar exigem que os fabricantes e os vendedores implementem medidas de verificação de etiquetas para garantir que os produtos são corretamente etiquetados e estão em conformidade com a legislação no âmbito da qual são vendidos.
Já no Reino Unido, os vendedores que desejem fazer parte do British Retail Consortium devem demonstrar que têm implementado um sistema de verificações para garantir a verificação e a inexistência de erros de etiquetagem nos produtos. Para isso, têm de ter processos documentados após a troca de produtos e mudanças nos lotes de embalagens, garantindo que as etiquetas aplicadas são as corretas para os produtos embalados.
Como se eliminam os erros?
Depois de identificar que a principal causa dos erros nas etiquetas é a introdução manual de dados, o primeiro passo para a redução desses erros será claramente simplificar ou reduzir a necessidade de introduzir manualmente os dados nas linhas de produção. A resposta é passar para um sistema integrado que garanta o alinhamento da etiquetagem de produtos com a sua atual encomenda de produção.
A um nível mais básico, as empresas podem utilizar software de design de etiquetas para preencher automaticamente as etiquetas dos produtos e gerir a sua distribuição em várias impressoras a partir de uma localização central, como o escritório de produção. Esta medida reduz o número de pontos de introdução de dados na própria linha, reduzindo deste modo a possibilidade de ocorrência de erros. Adicionalmente, a substituição de mensagens individuais por um modelo ligado à base de dados de um produto pode reduzir o número de etiquetas a gerir de centenas para apenas uma mão-cheia.
A introdução de modelos de etiquetas e consequente redução do número de etiquetas necessárias nas linhas de produção não só facilita o trabalho dos funcionários manuais envolvidos na seleção dos códigos, como também simplifica significativamente o processo de alteração das etiquetas quando há mudanças na legislação.
Vejamos um exemplo recente: um cliente da Domino envolvido no fabrico de alimentos e bebidas pré-embalados precisava de alterar as etiquetas atuais devido a uma mudança na legislação dos códigos de barras. A empresa tinha mais de 1500 etiquetas, pelo que as mudanças necessárias a cada uma delas teria demorado uma semana a terminar. Porém, a integração da base de dados existente, que já continha toda a informação necessária para as etiquetas, em modelos de etiquetas permitiu-lhes reduzir o número de etiquetas de 1500 para apenas 5, reduzindo o tempo gasto na implementação de atualizações para uma fração do original.
O próximo passo na redução do erro é a implementação de uma boa gestão das etiquetas. Com a simples aplicação de metodologias da IoT, é possível integrar soluções de codificação automatizadas para preencher automaticamente as etiquetasinformação obtida de um sistema de gestão de produção. Este procedimento pode ajudar ainda a evitar a etiquetagem errada de produtos resultante de problemas na criação das etiquetas.
As soluções de gestão de etiquetas integradas são muito variadas, desde um simples leitor de código de barras usado para selecionar dados de um UPC ou encomenda de produção, até à integração completa com um sistema MES ou ERP existente, permitindo a criação de etiquetas diretamente a partir de um sistema de gestão centralizado.
As etiquetas preenchidas podem então passar automaticamente pela impressora sem intervenção manual, reduzindo o risco de erros de etiquetagem e ajudando a aumentar a eficiência nas linhas de produção.
Validação e controlo de visão
O passo final para uma codificação sem erros é o estabelecimento de um sistema de validação que garanta que todas as informações nas etiquetas de um produto estejam presentes, corretas e legíveis.
Atualmente, os ambientes de fabrico a alta velocidade tornam a inspeção manual de cada produto impossível e pouco fiável. Em substituição, pode ser utilizado um sistema de controlo de visão (VCS) integrado para validar a etiqueta de um produto e reduzir ainda mais o risco de o produto chegar ao vendedor com informações inadequadas.
As câmaras integradas e um VCS podem funcionar a par da automatização da codificação para verificação de informações mediante encomendas de produção e trocas de códigos, eliminando erros de etiquetagem. Estas tecnologias podem ainda ser utilizadas para verificar a serialização ao nível do artigo, permitindo a deteção e rastreabilidade de todas as paletes produzidas até à caixa ou até ao próprio produto.
As soluções de automatização da codificação da Domino foram desenvolvidas para serem integradas em sistemas de câmaras para se verificar se todas as informações necessárias estão presentes e corretas e se a etiqueta em produção cumpre os standards de qualidade em cada produto.
Ao verificar a qualidade da etiqueta, o VCS também pode garantir que estão a ser tomadas medidas preventivas durante o fabrico: por exemplo, pode ser integrado com software de automatização da codificação para parar automaticamente a produção caso se atinja um determinado número de "não leituras" (produtos que não são lidos pelo VCS) dentro de um período específico ou se os dados de etiqueta validados forem inconsistentes com o produto que o sistema acredita estar a ser produzido.
Desta forma, o VCS é uma ferramenta de controlo de qualidade extremamente eficaz, proporcionando um retorno sobre o investimento quase imediato ao garantir que os erros de etiquetagem e os problemas de qualidade são eliminados antes de causarem problemas.
O seu parceiro para uma codificação sem erros
Na Domino, compreendemos como a etiquetagem de produtos é importante para o seu negócio. Do mesmo modo, sabemos que efetuar alterações significativas aos processos de produção nem sempre é possível. Com as soluções de codificação integradas da Domino, pode garantir a precisão da etiquetagem dos seus produtos, sem necessitar de efetuar alterações significativas nas suas linhas de produção.
As nossas soluções de automatização da codificação foram desenvolvidas em conjunto com feedback dos nossos clientes para se integrarem nos processos existentes, utilizando os standards da indústria para facultar uma ligação entre o seu equipamento industrial e as nossas soluções de codificação e marcação.
Contacte-nos para saber mais sobre as nossas soluções de codificação integradas. Os nossos especialistas em automatização de codificação estão sempre disponíveis para debater as especificidades do seu negócio e ajudar a identificar formas de eliminar erros de etiquetagem dispendiosos das suas linhas de produção.
Para saber mais informações sobre a automatização da codificação da Domino, visite https://bit.ly/2AFdFZX
[1] Deloitte, "The food value chain: A challenge for the next century", acedido a 11 de maio de 2020. https://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/ie/Documents/ConsumerBusiness/2015-Deloitte-Ireland-Food_Value_Chain.pdf
[1] Mettler Toledo CI-Vision, "Vision Inspection Supports Food Safety Risks of Misinforming Product Content", acedido a 11 de maio de 2020. https://www.packagingstrategies.com/ext/resources/FDP/Home/Files/PDF/FoodWhitePaper_3.23.12.pdf
[1] Food Standards Agency, "Alerts", acedido a 11 de maio de 2020. https://www.food.gov.uk/news-alerts/search/alerts?type%5BAllergy%20alert%5D=Allergy%20alert&keywords=&page=0